domingo, 15 de agosto de 2010

Nem bestas nem bestiais

Acalmar euforias
Em termos gerais não posso dizer que tenha ficado totalmente satisfeito com a exibição do FC Porto no jogo da Supertaça. Também tenho a consciência que fazer mais do que o que foi feito era bastante difícil: pelo valor do adversário e pelo pouco tempo de processo que a equipa tem. Digo que não fiquei totalmente satisfeito porque as minhas grandes expectativas para esta equipa centram-se na sua Organização Ofensiva e aquilo que mais de impressionou no Sábado foi a forma como a equipa se organizou defensivamente, sobretudo com a bola no meio-campo do Benfica e na Transição Ataque-Defesa.
Ainda temos muito para crescer na Organização Ofensiva, tenho a expectativa que vamos ser uma equipa que vai sair a jogar desde trás, que vai jogar com um jogador no meio-campo que é a referência de toda a Organização e que vai utilizar os extremos não só para atacar a baliza adversária, mas para fazer o campo sempre muito aberto e muito profundo e a partir daí sustentar a sua posse de bola, ou seja, pensando nos extremos como um ponto de partida e um ponto de chegada simultaneamente. E disto tudo, só vi acontecer a espaços o Varela ser um extremo como eu gosto: saber quando atacar o espaço e aproveitar vantagem, saber quando atrair o adversário para libertar outros colegas e saber quando entregar a bola ao primeiro toque.
Mas na minha opinião, o grande problema foi a dinâmica na Transição Defesa-Ataque. Não fechando os olhos à eficiência do Benfica na pressão em primeira instância quando perde a bola, o Porto teve bastantes dificuldades em conseguir transitar. Muitas vezes a equipa nem conseguia ter eficácia no primeiro passe e havia logo perda de bola, colocando o FC Porto em «contra-transição».

Picareta ou Implosão
Mesmo assim constatou-se uma coisa bastante interessante e que só prova a importância de desde o primeiro dia começar a trabalhar a ideia de jogo e nunca perder tempo com coisas que não tem a ver com a Organização do jogar.
O prof. Vítor Frade costuma utilizar uma metáfora interessante que pode ser transferida para a diferença mostrada no Sábado entre as duas equipas. Quando queremos mandar um grande edifício abaixo temos diferentes formas de o fazer: uma delas com uma picareta, outra por implosão.
Com 5 semanas e pouco de trabalho o FC Porto mostrou ser uma equipa organizada, com muita qualidade defensivamente e com muita agressividade e eficácia. A atacar não tanto, mas o suficiente organizada para ganhar e mostrar ser muito melhor.
Com mais semanas de trabalho o Benfica mostrou-se sem soluções para resolver os problemas Tácticos, mais desorganizado.
A diferença está entre fazer as coisas com a picareta e por implosão.

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